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terça-feira, 18 de julho de 2006

Dino, o goleador!


Numa altura em que o tema dominante no universo Beiramarense é a contratação de Mário Jardel, o BN recorda outro grande goleador brasileiro que passou pelo nosso Clube no início da década de 90, tendo sido um dos grandes responsáveis pela brilhante época 90-91 em que o Beira-Mar obteve a melhor classificação de sempre na 1ª divisão (6º lugar) e foi finalista da Taça de Portugal. Nos anos que se seguiram, enquanto Dino permaneceu no Clube, a verdade é que o Beira-Mar alcançou sempre a manutenção realizando campeonatos tranquilos.
Os golos do Dino eram de tal forma determinantes que lembro-me de alguma imprensa da época falar na “Dinodependência”, tal era a influência do jogador na produtividade ofensiva da equipa.
Além de excelente profissional, o Dino destacava-se pela sua simpatia e humildade, construindo muitas amizades em Aveiro.
Actualmente, encontra-se a viver em Salvador-Bahia, no Brasil, onde se formou em Educação Física recentemente e é treinador das camadas jovens do Esporte Clube Bahia há quatro anos. Lancei-lhe o repto de me responder a uma mini-entrevista por e-mail, a qual passo a publicar:
Como se proporcionou a vinda para o Beira-Mar?
Fui para o Beira-Mar através do Vítor Urbano na temporada 1990/91. Tinha acabado a minha terceira época no Nacional da Ilha da Madeira, clube que comecei a jogar aí em Portugal em 1987/88, época em que conseguimos o acesso à primeira divisão do futebol português, comandados por Paulo Autuori. Sobre o clube conhecia pouco, sabia que era um clube que subiu para a primeira divisão na mesma época que o Nacional.

Vitor Urbano

Como avalias a passagem pelo Beira-Mar?
Jogar no Beira-Mar foi uma experiência muito gratificante para mim, tanto é que levei quatro anos nessa cidade que aprendi a gostar. Tinha um relacionamento muito bom com os colegas, com os dirigentes e com o público. Fui um atleta que era muito querido pelos adeptos, marcava muitos golos, era rápido, em mim era depositada toda a esperança de golos da nossa equipe. Conseguimos nos quatro anos manter a equipe na primeira divisão, fizemos uma grande época em 1990/91, quando ficámos em quinto lugar juntamente com o Salgueiros, perdendo apenas no confronto directo. Neste mesmo ano fomos à final da Taça de Portugal contra o Porto, perdendo o jogo na prorrogação. Empatamos no tempo normal e saímos derrotados após prolongamento.

Plantel 1990/91

Há algum jogo ou golo que te tenha marcado especialmente?
Marquei muitos golos como já frisei. Os golos marcam quando são bonitos ou quando são importantes… Bonitos lembro-me de dois golos contra o Paços de Ferreira em Aveiro no mesmo jogo. Foram parecidos, como disse o narrador da televisão – "papel químico". Outro contra o Benfica. Sempre contra o Benfica!!! Os adeptos do Benfica não gostavam muito de mim. Marquei outro contra o Sporting também muito bonito. Porém, o que mais me marcou foi o golo contra o Boavista em Aveiro, se não estou enganado nas meias-finais da Taça de Portugal. Foi um jogo muito complicado onde estávamos sendo muito prejudicados pela arbitragem, até o público reagiu de uma forma diferente naquele dia e eu com um chute forte de fora da área consegui marcar o golo e levar a nossa equipe para a final contra o Porto.

Como se deu a saída para o Vitória de Setúbal?
A última época (93-94) em Aveiro não foi muito boa, a equipa não foi muito bem no campeonato e aconteceram alguns problemas financeiros. Conseguimos manter o clube na primeira divisão com muita luta. Recebi uma proposta muito boa para jogar no Vitória de Setubal, a qual foi aceite por mim. O Vitória tinha vindo de uma época muito boa com o Yekini, marcando muitos golos. A minha missão era substitui-lo, só que o clube não fez uma boa época e a cobrança foi muito grande, acabamos por descer de divisão. Não foi uma experiência muito boa, não tenho boas recordações daquela cidade.

E depois…
Saí do Vitória e fui convidado por Vítor Urbano para ir jogar no Desportivo de Chaves. Começamos bem e tivemos alguns desacertos. A “diretoria” resolveu mudar de treinador. Com a saída do Vítor Urbano passei por um problema que nunca tinha passado, trabalhar com um treinador (que não vou citar o nome) que não gostava de futebolistas brasileiros. Após quinze dias de trabalho ele pediu à “diretoria” que os jogadores brasileiros fossem dispensados. Resolvi voltar para o Brasil com a época em andamento onde encerrei a minha carreira de futebolista aos 35 anos. Como já tinha feito dois cursos de treinador aí, um pela Associação de Futebol de Aveiro e outro pela Federação Portuguesa de Futebol, passei a trabalhar como treinador, situação em que me encontro até hoje no Esporte Clube Bahia, nas camadas jovens como treinador do juvenil. No final do ano me formarei pela Universidade Católica de Salvador em professor de Educação Física.
Que recordações guardas, ainda hoje, de Aveiro?
Aveiro foi e é uma cidade que está no meu coração. Fiz muitas amizades aí! Os meus filhos tiveram uma educação escolar muito boa durante os quatro anos em que vivi em Aveiro. Adorava ir pescar com Zé Ribeiro nos dias de folga, ir aos restaurantes… o Manoel da Proa e toda aquela “galera legal” onde jogávamos cartas. Ir passear na Barra... São boas recordações que se ficar citando aqui poderei levar o dia todo!
Uma mensagem para os amigos que ficaram em Aveiro…
Nuno, gostaria de agradecer-te por me ter proporcionado esta entrevista, a qual fez com que eu tivesse óptimas recordações da “Veneza portuguesa”, local que me trouxe muitas alegrias. Gostaria de abraçar todos os amigos que de certa forma participaram comigo nas alegrias desta cidade e principalmente deste Clube que até hoje torço para o seu sucesso. Um abraço a todos e que Deus vos abençoe.

9 comments:

Anónimo disse...

É bom saber que finalmente a ver que a entrevista sempre teve efeito :)
Já agora importa salientar que as épocas a partir do fim da década de 80, inicio de 90 +/- foram importantes para a minha afeição a este clube.
O Dino sempre foi um dos jogadores (especiais) que ficou gravado na minha memória, enquanto adepto beiramarense.
Abraço Dino!!
Nuno não te esqueças de enviar as fotos em que estou com o secretário de estado do desporto.. Também quero!!! :P
Envia-me isso para o e-mail...
PS: Ainda estou doente :/

MarcioRamalho disse...

O Dino sempre teve uma relação especial com Aveiro...É dos jogadores que o público recorda com mais carinho, pela sua qualidade e pela simplicidade que sempre evidenciou...
Oportuna esta entrevista Nuno. Parabéns

Carlos Martins disse...

Os meus parabéns pela iniciativa! Nunca é demais relembrar aqueles que tanto fizeram pelo SC Beira-Mar! E sem dúvida que o Dino foi um dos pontas-de-lança que mais marcou a história recente do clube...

Todas as felicidades para a sua carreira como treinador!

Anónimo disse...

Grande Dino...sempre em grande, um dos jogadores q deixaram melhor recordações em Aveiro. O beira mar tinha uma grande equipa,sem duvida. E quem não se lembra dos golos que Dino marcava ao Benfica. Se fosse agora o Dino por certo seria contratado por Vieira com o rótulo de novo Eusébio.lol
Mas parabens ao Quintaneiro pela entrevista, e sem duvida que com adeptos destes o Beira nunca irá "morrer".

Nuno Vieira disse...

Tanta gente por ai que se diz jornalista, apresenta verdadeiras diarreias mentais nos jornais portugueses, e ainda são pagos por isso!
Grande peça jornalística! Parabéns Nuno. O dino foi sem duvida um dos grandes da minha memória beiramarense...
Podias pedir ao Dino um e-mail publico para que pudessemos lhe enviar mensagens e saber com o vai a vida dele pelo brasil.. ou será que ele tem site na net? Só uma sugestão.
Um abraço

Nuno Vieira

Anónimo disse...

Em grande Nuno.
Entrevista fantástica, muitos parabéns.

Hugo

Anónimo disse...

grande dino e grande bancada norte

Anónimo disse...

Muito Bom, Nuno
Insere-se no espirito do meu blog...
...dar a conhecer a história rica que o nosso clube possui e que para muitos é desconhecida.

Nuno Q. Martins disse...

Ainda bem que a entrevista foi do vosso agrado. O Dino é uma referência para quem começou a acompanhar o clube precisamente no final da década de 80 e início dos anos 90, como foi o meu caso.

Quanto à sugestão do Nuno Vieira, aguardo resposta do próprio Dino.

Um abraço.