sábado, 3 de fevereiro de 2007
A importância do debate
Algo que é fascinante na vida democrática é o seu próprio exercício. Esta possibilidade de nos exprimirmos livremente, mesmo que as nossas perspectivas pessoais choquem com outras, mas todos partilharmos de um ideal comum.
No actual momento que o Beira-Mar atravessa, considero que o debate e a produção de opinião informada são fundamentais. Aliás, penso mesmo que o facto do Clube ter deixado de ser amplamente discutido de há uns tempos a esta parte tem a sua quota parte de responsabilidade na crise actual que se vive. Compreendo mas não aceito que quem é responsável pela condução dos destinos da instituição despreze o debate e se refugie em chavões como tenho insistentemente ouvido: "o que é preciso é dinheiro!". O dinheiro é importante se se souber como gastá-lo ou investi-lo. Para tal, também é importante perceber como consegui-lo... Desvalorizar o debate e reclamar mais dinheiro para desbaratar é que me parece um discurso gasto e que só colhe receptividade em sectores mais desligados com a realidade do Clube.
Neste período de transformação do paradigma do associativismo desportivo, mais do que nunca, torna-se fundamental discutir e procurar consenso sobre um novo modelo de viabilidade para o Sport Clube Beira-Mar, globalmente considerado. Face aos desafios da contemporaneidade e ao património axiológico da instituição, só num quadro de discussão alargada e descomplexada acredito que seja possível construir uma ideia sobre o rumo que pretendemos para o Clube. Esse debate é necessário e em nada perturba a estabilidade da equipa profissional de futebol. Trata-se de definir as linhas estratégicas de desenvolvimento da instituição, estabelecendo os objectivos e os meios para os prosseguir. Penso que um dos motivos que muito tem contribuído para o divórcio progressivo da comunidade é precisamente a ausência de uma estratégia global para o Clube capaz de mobilizar as pessoas e as forças vivas da região. A gestão sem estratégia no contexto sócio-económico nacional que é reconhecidamente adverso só poderá resultar no descalabro, como já existem outros exemplos recentes (Salgueiros, Farense, Leça, Alverca, Campomaiorense...).
O meu apelo é para que estejamos unidos em torno do objectivo imediato do qual depende a sobrevivência do Clube a curto prazo, ou seja, a conquista por parte da equipa profissional de futebol da manutenção na Liga Bwin. No entanto, este "pacto de não destabilização" não pode nem deve comprometer um debate amplo que não pode mais ser adiado. E a pergunta central, na minha opinião, não deverá ser "Que futuro queremos para o nosso Clube?", mas antes, "Que Clube podemos querer para o futuro?".
Publicado por
Nuno Q. Martins
16:25
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sábado, 3 de fevereiro de 2007
às16:25
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5 comments:
Não faço futurismo. Gostaria. Já discordo de certos temas de debate, porque vai dar sempre ao mesmo e sinceramente já começa a apetecer que "a terra gire ao contrário". Nada de novo, A partida para a discussão deveria ser outra. Nem preciso de cá voltar porque se adivinham os comentários. É preciso novidade.
Força Beira-Mar!
Continuação de bons posts.
Entrevista de Carlitos, jogador do Belenenses, em:
http://homemmau.blogspot.com
Bom post Nuno. Inteiramente de acordo.
Torno a repetir-me... o futuro está na formação, boa formação, e o Beira-Mar tem tão bons jogadores, bons Treinadores de formação, agora acredito que não é fácil apostar na formação, mas é o FUTURO, é preciso coragem, descer à terra e depois subir com alicerces. Força António Luis.
PS: Oudinot...
Um artigo soberbo, cheio de maturidade e de bom senso e suficiente para alertar os Beiramarenses, o quanto é importante discutir e vigiar a vida do nosso Clube.
Com elevação e construtivamente não se destabiliza ninguém, pelo contrário pode ser uma forma de aglutinar os Sócios para apoiar a equipa para atingir a permanência, que vai ser vital para o futuro da instituição.
Parabens e um abraço.
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