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quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Adeptos à distância

Fala-se muito das reduzidas assistências ao jogos de futebol em Portugal, mas, com os horários que a Liga escolheu para os próximos jogos do Beira-Mar, parece que o objectivo da Liga é que os jogos sejam assistidos ao vivo pelo menor número possível de adeptos.
Claro que é agradável ver o nosso clube na televisão, mas será que só isso interessa?
E será que as empresas que patrocinam a Liga e as transmissões televisivas gostam de ver a sua imagem associada a estádios vazios?
O jogo desta semana é na Covilhã, 6ª feira, às 20h15.
Para quem quiser ir ver o jogo e se desloque numa viatura ligeira, deve contar com cerca de 2 horas de viagem, se não houver neve, gelo, acidentes ou mesmo demasiado trânsito. Deve contar também com tempo para estacionar e comer uma bucha antes do jogo.
Para isso, é melhor sair de Aveiro às 5 da tarde. Numa 6ª feira, dia de trabalho. E com uma temperatura prevista de 6 graus à hora do jogo!
Ou seja, provavelmente não estará na Covilhã praticamente ninguém de Aveiro.
Mas, na jornada seguinte, a situação é ainda mais ridícula.
O Portimonense visita Aveiro. Jogo numa 5ª feira, às 20h15. 4 horas e meia de viagem. Dia de trabalho a seguir ao dia do jogo. Quantos portimonenses estarão em Aveiro?
Qual é a dificuldade de realizar jogos ao sábado à tarde? As televisões não estão interessadas neste horário?
E os clubes, sócios da Liga, aceitam estes horários sem contestação?
Parece-me que é altura de se mudar esta situação. E o Beira-Mar, aproveitando o facto de agora ter mais visibilidade na imprensa, podia também aqui demonstrar um outro tipo de liderança e trazer de novo o futebol ao encontro dos seus adeptos.

8 comments:

José Ribeiro disse...

Querem mais adeptos mas ao mesmo tempo fazem por afasta-los. É ridículo como alguém que tem como missão quer do ponto de vista teórico como verbal, uma vez que passam a vida a apelar a isto e aquilo para a presença de mais adeptos, marca jogos para dias e com horários absolutamente inconcebiveis.
O caso mais grave foi mesmo aquele jogo da Taça da Liga com o Portimonense senão me engano, quarta-feira às 4 da tarde...nem ao menino Jesus.

Anónimo disse...

Boas... Concordo plenamente o que foi dito. Isto anda tudo à volta das televisões e que o resto se lixe.

Pedro Alcaide

Nuno Q. Martins disse...

Jorge,

Há anos que a malta das claques vem protestando com esta questão dos horários dos jogos e com a questão da regulamentação do preço dos bilhetes.

No que respeita ao horário dos jogos, ao que julgo saber, não é a Liga que os determina. É a Sporttv a quem os clubes cederam esse direito. Esta época, a verba disponibilizada aos clubes da Liga Vitalis pelos direitos televisivas subiu umas migalhas (por exemplo, o SCBM recebia 75.000€/ano e este ano recebe 125.000€/ano). Nessa negociação, os clubes cederam na questão dos horários das transmissões, permitindo à Sporttv agendar os jogos para os dias de semana.
O motivo que leva a Sporttv a não querer transmitir jogos da Liga Vitalis ao Sábado à tarde é simples. A Sporttv investiu nos direitos de transmissão da Liga Inglesa nesse mesmo horário e, segundo argumentam, os shares de audiência dos jogos ingleses são superiores ao da "nossa" Vitalis...

Há muito que o futebol deixou de ser perspectivado na óptica do adepto... porque se fosse, os espectadores que se deslocam a estas horas e estas distâncias a estádios de futebol seriam regularmente premiados!

Mas esta questão dos horários remete para uma questão a montante que se prende com a forma individualizada como são negociados os direitos televisivos e que colocam os clubes sem grande poder negocial.

Um abraço.

P. disse...

Caros amigos,

Copiei o artigo para o "Portimonense 1914" enunciando a fonte. Na realidade sei que esteve prevista pelo menos uma excursão que, nestas condições, já não se deverá realizar. Muitos adeptos não vão conseguir acompanhar a equipa devido à transmissão do Beira Mar - Portimonense... numa quinta feira à noite.

http://portimonense1914.blogspot.com/2010/01/adeptos-distancia.html

Cumprimentos,
Pedro Simões

Carlos Gabriel disse...

Pela questão aqui levantada não deveremos, em meu entender, atribuir as responsabilidades aos detentores dos direitos televisivos. Estes, como qualquer outra empresa, devem zelar pelos seus interesses comerciais, o que é perfeitamente legítimo, caberá ao outro parceiro negocial, neste caso os clubes, lutar também pelos seus interesses para que o negócio seja proveitoso para ambas as partes.
Infelizmente, não é a isso que assistimos, a maior parte dos clubes inscritos nas ligas profissionais facilmente se “prostituem”, desculpem-me o termo, quer aos euros fáceis que vêm da televisão, quer aos interesses dos seus “amigos grandes”, ou simplesmente devido ao receio de serem “queimados” caso não acompanhem o famoso sistema, e assim continuaremos a assistir a bons negócios, mas só para alguns.
Ainda relativamente a este post, antes de me preocupar com alguns adeptos mais devotos que gostariam de acompanhar os jogos que a sua equipa efectua na condição de visitante, eu pergunto:
O que fazem estes clubes para ter mais adeptos nos jogos em casa ?

Carlos Gabriel

Francisco Dias disse...

Este artigo toca na minha opinião numa das questões-chave do nosso futebol. Sobre ele gostaria de tecer algumas considerações:

1 - Basta olhar para os campeonatos no resto da Europa, e verificamos que a grande maioria dos jogos são todos à mesma hora: Espanha: 17h, Itália, 14h Inglaterra: 15h. Tirando claro, algumas excepções de jogos grande que são marcados para horários diferentes.
2 - Uma questão mais problemática: O futebol-indústria é hoje em dia sustentado por quem? Pelo adepto de estádio ou pelo adepto de sofá? Convenhamos que é deprimente jogar com um estádio vazio, mas os cofres dos clubes dependem dos trocos que vão chegando das receitas televisivas. Daí a tal "prostituição" às estações de televisão.
3 - Quem manda nos horários dos nossos jogos é a Sportv. Ora, tendo esta estação o direito à transmissão dos grandes campeonatos europeus, os jogos em Portugal simplesmente são marcados para as sobras. Uma Liga em condições nunca poderia permitir isto.
4 - Para terminar, ouvi há bem pouco tempo uma entrevista com o "provedor do adepto", um cargo recente promovido pela liga de clubes. Segundo o próprio, o facto dos jogos terem horários distintos até pode ser bom! Pode permitir que as pessoas possam assistir in-loco a vários jogos no mesmo fim-de-semana! Quando ouço coisas destas... desisto.

Cumprimentos a todos.

Anónimo disse...

Os horarios são aqueles que os clubes aceitam.
A sustentabilidade financeira resulta do adepto de sofá, aqui e em qualquer campeonato competitivo.
O problema em Portugal são os três grandes que impedem uma negociação mais favoravel aos clubes, estes clubes olham apenas para o retorno prorio e imediato e deixam pouco espaço aos outros.
José Bento

Daniel disse...

Curiosamente acho que este post "Adeptos à distancia" está mais ligado ao post do João Pedro Dias "O desafio do Futuro", do que poderia parecer.

É precisamente a falta de capacidade de profissionalização das estruturas de futebol que causa as baixas assistencias.

Sejamos realistas. Se este jogo com o Portimonense fosse Sábado ou Domingo às 16:00, seríamos honrados com a presença de uns 50 apoiantes adversários, na melhor das hipóteses.

De aveirenses até tenho sérias dúvidas de que seriam assim tantos mais do que os que lá estarão na próxima semana, mas vamos admitir que até iam mais 1000.

Até quando é que nos vamos andar a centrar nestes numeros ridiculos?

Sou o primeiro a dizer que é muito melhor irmos a um estádio com muita gente e que claramente se nota que a equipa está (ainda) mais empolgada quando mais gente está in loco a ver o jogo, mas o futebol, já não mobiliza tanta gente quanto o fazia há 15 anos (excepção feita talvez ao campeonato Inglês e a algumas equipas Espanholas de topo).

O Maomé não vai à montanha, vai a montanha ao Maomé. Os canais de televisão em todo o mundo perceberam isso; curiosamente os clubes de topo em Portugal também. Os 3 grandes, depois do Euro2004, passaram a ter estádios mais modernos, confortáveis, com espaços que os dinamizam fora dos dias de jogos e, acima de tudo, mais pequenos. O mesmo se passa um pouco por tudo o mundo (ressalvando de novo as excepções já referidas). Em Aveiro o novo estádio tem quase o dobro da capacidade do antigo e a área envolvente tem tanta vida como a Lua.

Os clubes verdadeiramente profissionais apostam na venda de camisolas e merchandising da equipa. Disponibilizam conteudos acerca da vida do clube por vários canais e encontram parcerias com a comunidade empresarial que tragam vantagens aos seus associados. Em Aveiro vai-se à SportZone e não se consegue encontrar uma camisolita do Wang Gang para oferecer a um filho no Natal.

E não é preciso ir-se ao estádio para se ser adepto. Aliás, é até injusto alguém dizer-se mais Beira-Marense do que outros só porque vai ao estádio. É como uma religião... cada um pratica-a da forma que melhor entende.

Por tudo isto, discordo completamente do ponto 3 do Francisco Dias no comentário anterior, quando diz que "Uma Liga em condições nunca poderia permitir isto." Uma Liga em condições deveria fomentar isto e ajudar os clubes da Liga Vitalis a posicionarem-se e encontrarem o nicho de mercado em que devem operar.

Não tenham duvidas absolutamente nenhumas que hoje à noite mais Beira-Marenses e mais adeptos de futebol em geral irão acompanhar o jogo do que se o jogo fosse Sábado ou Domingo a meio da tarde.

Força Beira!