sexta-feira, 8 de março de 2013
A propósito da AG de votação das contas...
O momento que o clube atravessa exige uma reflexão profunda
por parte dos seus sócios. Desde 2005 que venho a alertar para a
descaracterização e perda de identidade de que o clube tem vindo a ser alvo,
motivada em primeira instância pela falta de concetualização das estruturas
dirigentes e, numa segunda mas não menos importante instância, pela gravidade
dos problemas financeiros que absorvem a atenção dos dirigentes. Em 2008,
aquando da criação do Movimento 1922, este foi um dos propósitos que prossegui,
ou seja, reunir sócios interessados e disponíveis para pensar o clube e
construir um modelo de consenso alargado para o seu desenvolvimento, indo ao encontro dos
anseios da comunidade aveirense. Este tem sido o meu desígnio de participação na vida do clube desde há vários
anos, tendo aqui partilhado várias reflexões nesse sentido. A questão é que
esse debate tem sido sucessivamente relegado e hoje, o clube que temos, é
apenas um retrato desfigurado da entidade que, enquanto Aveirenses e Beiramarenses
ambicionamos. E o pior é que constatamos que o clube vive uma crise terrível (financeira
e de identidade), estando num processo gradativo de autodestruição que só não
vê quem não quer.
Perante esta ausência de rumo, emerge o voluntarismo inábil
da direção do clube que parece lidar muito mal com as críticas de quem, após a
saída do futebol profissional da esfera do clube, esperava que todas as atenções
dos dirigentes se voltassem para as atividades que o clube tem. No entanto, a
vaidade pessoal de alguns elementos da direção (que já os traiu em vários momentos)
impede-os de se aperceberem que as críticas que ouvem têm toda a razão de ser e
que o exercício permanente de justificar os erros próprios “sacudindo a água do
capote” já não colhe junto dos sócios mais informados e atentos.
Ora, na Assembleia Geral de ontem, a direção apresentou um
Relatório e Contas que continha apenas a “parte” das contas, onde é evidenciado
um resumo do desempenho financeiro do exercício (que não chegou a ser discutido),
inexistindo o habitual relatório das atividades do clube. Ou seja, sobre a
atividade do clube, atualmente reduzida aos sócios e às modalidades nem uma
palavra! Pior, ainda, sabendo-se que o Relatório foi apresentado com cerca de
meio ano decorrido após o prazo estatutariamente previsto para o efeito. Houve
mais do que tempo suficiente para recolher a informação relevante para agora
apresentar aos sócios. As justificações apresentadas pela direção, pela voz do
vice-presidente João Silva, foram inaceitáveis, conseguindo deixar vários
sócios indispostos, tendo motivado uma intervenção em jeito de “reprimenda” à
direção por parte do Presidente do Conselho Fiscal, também ele bastante
desagradado com a condução de todo este processo e com as justificações
apresentadas pela direção.
A verdade é que as questões relacionadas com o futebol
profissional (SAD) continuam a marcar a agenda das preocupações da direção do
clube. Isto porque todo o processo de constituição daquela estrutura foi muito
mal conduzido e os resultados estão à vista. A vida do clube continua a
depender dos resultados desportivos da equipa de futebol. E é neste cenário de
incerteza quanto ao futuro do clube e deserto de ideias para a construção dum
modelo de desenvolvimento do clube que a Mesa da Assembleia Geral se propõe a
apresentar uma proposta de reforma dos estatutos (!). Mais uma vez, a evidência
do desnorte que reina no clube. Manda a prudência que, nesta fase, se discutam possíveis
modelos alternativos para o clube, equacionando os vários cenários possíveis
decorrentes do desempenho da SAD. Antes duma clarificação das perspetivas
financeiras futuras, afigura-se absolutamente despropositado avançar-se com uma
reforma estatutária. No entanto, isso não invalida que se cuide das atividades
existentes do clube e se promova uma discussão franca e aberta sobre os modelos
possíveis de desenvolvimento do clube. Mas para que isso aconteça, é preciso restabelecer
a confiança das pessoas, o que se torna inalcançável quando os discursos não
explanam uma interpretação lúcida e honesta da realidade que seja capaz de
envolver os sócios na procura de soluções, mas antes num exercício forçado de
justificação e desresponsabilização sobre uma realidade que permanentemente se
tenta encobrir.
Esta direção do Beira-Mar tem sido incapaz de congregar os
sócios e tem cometido erros em cima de erros, naturalmente, uns mais graves do
que os outros. Mas a principal origem de todos estes erros está na forma como a
direção perspetiva o exercício das suas funções: distante, altiva, arrogante, fechada
sobre si própria e com uma atitude intelectualmente sobranceira em relação aos
sócios. Nalgumas intervenções, sobressai um espírito conflituante que, de todo, não se deseja.
Bom seria que, de uma vez por todas, imperasse a inteligência,
o bom-senso e a humildade dentro do clube. Que se saibam ouvir as críticas e,
se for o caso, rebatê-las com argumentos devidamente fundamentados. Ou, se as
mesmas tiverem todo o cabimento (como foi manifestamente o caso ontem), com
humildade e inteligência, reconhecer o mérito das mesmas e agir em
conformidade. Qualquer sócio estritamente empenhado nos superiores interesses
do clube saberá reconhecer isso.
Sobre as contas do clube que não chegaram a ser discutidas,
partilharei por aqui algumas considerações nos próximos dias.
Por agora, apenas mais um lamento, no meio de tantos outros
que trazem à evidência a falta de sensibilidade para o clube que se vive nas
estruturas dirigentes, para o facto do site do clube não ter dado o devido
destaque à divulgação da Assembleia Geral do clube. O mesmo já tinha acontecido com a inauguração da Casa do Beira-Mar que não mereceu divulgação prévia naquele espaço. Atualmente, a internet é
uma das mais poderosas ferramentas de comunicação e é lamentável que o site
beiramar.pt passe ao lado de grande parte das atividades do clube, servindo apenas para divulgação da atividade da SAD e para publicar
comunicados da direção do clube que apenas servem para alimentar “fait-divers”
e não têm qualquer relevância institucional.
Que não se duvide, que é do somatório de todos estes "grandes tudos" e "pequenos nadas" que se consolida um sentimento de frustração que me desmotiva e me desmobiliza de reassumir uma intervenção mais ativa na vida do clube.
Publicado por
Nuno Q. Martins
13:42
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Adicionado às
sexta-feira, 8 de março de 2013
às13:42
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7 comments:
Já cá faltava o comentário do troll do costume. Foi ontem à AG? Terá sido um dos 16 que estava em condições de aprovar o magnifico relatório.
João,
Peço-te desculpa, mas atendendo a que este post foi publicado por mim, não abdicarei de eliminar qualquer comentário vindo de gente cobarde, sem caráter, sem escrúpulos e que ainda é autor/cúmplice do estado em que o clube se encontra. Já perdi a paciência para esses interesseiros de merda que se têm aproveitado do clube à força toda para proveito próprio e que, sob a capa do anonimato, vêm para os blogues tentar fazer assassinatos de caráter sobre pessoas que sempre se assumiram e deram a cara pelas suas posições. Em conformidade, apaguei o comentário do alegado "C. Silva" (não conheço ninguém com esse nome) e apagarei eventuais outros que possam surgir com o mesmo alcance.
Obrigado.
Subscrevo na íntegra tudo o que diz.Esta direção não trouxe nada de bom ao nosso clube. Não souberam ir à fonte colher as linhas mestras do Movimento 1922. Foi com a dinâmica desse Movimento que se evitou o desaparecimento do glorioso Beira Mar.As reuniões sempre foram abertas
a todos os sócios, houve debate de ideias,sempre com a preocupação de lutarem todos pela mesma causa.
O que está a acontecer agora? Alguns elementos da direção tentam calar todos aqueles que pensam de maneira diferente
,fogem ao diálogo,não aceitam críticas construtivas, são arrogantes, hipócritas e convencidos, recorrendo permanentemente à via da confrontação.É por isso, que cada vez temos menos sócios. Como não estão à altura de resolverem os problemas, recorrem à mentira no sentido de chegarem aos sócios menos esclarecidos...santa ignorância.Antes que a voz nos doa, não nos podemos calar, sob pena de nos tornarmos coniventes com esta péssima gestão.
Parafraseando o Dr.Jorge Greno "para onde vais Beira Mar?"
ontação
Já tinha saudades dos seu textos! Muito bem!
e no meio disto tudo:
acabou-se com uma secção e despediram-se pessoas(que me desculpem os do triatlo mas nao sei s ainda sobrevivem) e vendeu-se umas piscinas q agora até metem dó e que só envergonham os intervinientes (beira-mar incluido).
tudo isto para quê?
tá tudo na mesma...
Pedro Oliveira
Pedro,
O triatlo também não sobreviveu. Por variadas razões... Abraço!
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