Estamos já em contagem decrescente para encerrar 2009 e dar as boas-vindas a 2010. No dia 1 de Janeiro, o SC Beira-Mar comemora o seu 88º aniversário. Uma capicua que, espero, seja um pronúncio de prosperidade no novo ano.

O Clube vive, ainda, a maior crise da sua história. Trata-se de uma crise de um alcance devastador. Mergulhado em dificuldades financeiras, carente de infra-estruturas (o EMA, tal como existe hoje, não traz qualquer mais-valia, antes pelo contrário!), o Clube vive ainda uma crise de pessoas. São poucos aqueles que se preocupam verdadeiramente com o clube e, entre os poucos que se preocupam, não é fácil conseguir gerar consensos. E depois, bem, depois existem um conjunto de "deambulantes" em torno do clube que usam dum discurso muito bem intencionado, mas que na verdade são incapazes de mexer uma palha pela Causa Comum. Acima de tudo, usam o Clube para alimentar um ego cujo tamanho é muito superior à sua inteligência. Não admira, pois, que sempre que alguém assume alguma relevância, alguma iniciativa e dê a cara por ela, tais seres "deambulantes" caiam logo em cima... receando o esquecimento da comunidade, pois nada fazem ou fizeram de relevante para serem recordados.
A crise a que o Clube chegou teve o condão de separar o "trigo do joio". Os sócios, os mais abnegados e informados, hoje sabem quem colocou o Clube à beira do fim. Sabem, daqui para a frente, com quem podem contar e com quem, de todo, não se pode contar. Penso que hoje, mais do que nunca, se percebe que a promoção da união e da estabilidade só faz sentido quando as pessoas partilham duma bondade intrínseca, dum desejo genuíno de cooperação, porque o simples apregoar dos valores da "união" e da "estabilidade" sem que se criem as condições para que os mesmos imperem, resulta apenas na abertura dos caminhos para o colapso.

Esta última década, especialmente, tem sido de uma aprendizagem enorme para mim. E uma parte importante do que tenho aprendido o devo à minha vivência "auri-negra". Já dei por mim a rever algumas perspectivas, mas também já dei por mim a reforçar a minha convicção sobre outras... E guardo, no meu "salão nobre", a amizade e o companheirismo de algumas pessoas que muito têm dado ao Clube, cujo combustível da sua colaboração é apenas o desejo de verem o seu SC Beira-Mar erguer-se. E que bom que é sentir que ainda há pessoas sentem o Clube como seu, mas que sabem que o Clube só faz sentido se mais pessoas o sentirem da mesma maneira.

Acredito que 2010 poderá ser um ano de viragem para o SC Beira-Mar. Depois do declínio dos últimos anos, é chegada a altura de dar a volta por cima. Tenho a convicção de que o SC Beira-Mar sairá mais forte e reforçado desta crise, no sentido de se voltar a afirmar como um símbolo de orgulho e referência para aqueles que se consideram Aveirenses.

Como é do domínio geral, a eventual subida de divisão da equipa de futebol poderá, a concretizar-se, constituir uma importantíssima alavanca para a reestruturação e recuperação do Clube. No clima de adversidade que todos conhecem, a resposta do grupo de trabalho tem sido excelente e merece o nosso apoio. Não posso deixar de apelar aos sócios e adeptos do SC Beira-Mar que marquem presença, em força, nas bancadas dos estádios onde a nossa equipa jogue.

Nas modalidades ditas amadoras - todas merecem o nosso reconhecimento e apoio - uma palavra de especial apreço pelos seus dirigentes e seccionistas (a maioria por mera carolice) que têm mantido as respectivas estruturas a funcionar, permitindo assim a prática desportiva a mais de meio milhar de atletas nas actuais 9 modalidades.

À Comissão Administrativa que assumiu o desafio de "pegar" no Clube e assumir responsabilidades num momento tão conturbado, o meu mais profundo agradecimento e os votos de muito sucesso na missão a que se propuseram.

Termino estas linhas com as palavras do capitão Hugo, ao jornal O Jogo: "Continuem a lutar pela tranquilidade desta equipa, que merece o apoio de todos. Aos sócios, que venham ao estádio e lutem ao nosso lado. Quem sabe o que pode acontecer no fim do campeonato?".